Disso não se fala

Há já uma semana que andamos a receber muitas chamadas telefónicas com as mesmas perguntas: “Como está o ambiente em Havana?” “O que há de certo nos rumores que correm?”. Respondo-lhes que a temperatura baixou um pouco, que não tem chovido e que se comenta que vão descongelar a entrega das licenças para taxistas.

Os que indagam ficam sem perceber, imagino que o fazem para não me prejudicarem, mas não consigo entender o que querem saber, porque afinal não tenho nenhum tio doente, e quando nasci o meu avô (o que foi mambí ) já não estava entre os vivos. Sim, é verdade que se vêem mais polícias nas ruas, mas o Granma explicou que é para controlar melhor o trânsito. É falso que estejam a escassear as flores e que dê trabalho comprar rum nos mercados. Que eu saiba, não se produziram detenções massivas nem se estão a reabilitar os túneis nem os refúgios anti-bomba.

Mudanças perceptíveis não vejo nenhuma. Bem vistas as coisas, e isto é absolutamente subjectivo, o ar parece mais transparente e a terra mais leve, mas não acho que seja sobre essas temas que os meus amigos me fazem perguntas.

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