Convite aos historiadores e “cubanólogos”

Quando alguém pretende contar a história de Cuba da forma mais breve possível, pode recorrer a uma periodização de carácter geral que se reduziria ao seguinte:

Seis mil anos (aproximadamente), em que a ilha foi habitada por aborígenes; 388 anos debaixo do sistema colonial espanhol; 4 anos de governo de intervenção norte-americano; 56 anos de República e 50 anos de revolução.

Claro que em 35 palavras, que se dizem nuns 15 segundos, é quase desrespeitoso contar a história de um país. Mas, desagrade a quem desagrade, isto é uma periodização de extrema generalização. No terminal de autocarros de Havana, por exemplo, há um mural que pretende contar toda a história em 14 metros. O seu principal defeito é que omite os aborígenes, substituindo-os por uma mata de iúca e outra de tabaco. O rosto de Fidel Castro aparece duas vezes e é a única pessoa viva ali representada.

Quero lançar aos historiadores especializados em Cuba contemporânea a seguinte provocação: fazerem uma periodização dos últimos 50 anos. Eu tentei, mas renunciei à tarefa quando tropecei na terrível dificuldade que é limitar cada uma das etapas e depois nomear esse período. Vamos supor que baptizamos os primeiros anos (de Janeiro de 59 a Abril de 61) como o momento das primeiras transformações revolucionárias (Reforma Agrária, Reforma Urbana, nacionalizações de propriedades, campanha de alfabetização, etc.). A seguir, viria uma parte que começaria com a declaração do carácter socialista e cada oscilação em direcção ao maoísmo, ao euro comunismo, à sovietização ou a procura de uma identidade diferente, e aí teria que ser tratada em separado. Outra, o tempo em que se falava da construção simultânea do socialismo e do comunismo. Uma etapa clara é a da “definitiva” introdução do país no contexto do campo socialista, cujo clímax foi entrarmos no CAME; outra, o início do período especial e, finalmente, a situação actual, que não se parece com nenhuma das anteriores.

Repito que renunciei à realização deste dificílimo trabalho, mas aviso que não renuncio a criticar quem o faça. Assim, deixo aberto o convite que se resume nesta pergunta:

Quais seriam os limites e a forma adequada de denominar os sub-períodos históricos dos últimos 50 anos da história de Cuba?

As respostas mais interessantes serão publicadas no espaço Con todos deste portal desdecuba.com, sempre que o autor o autorize.

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